Pesquisa Datafolha: Maioria dos brasileiros deseja a pena de morte.
Uma pesquisa nacional do Datafolha que acaba de sair do forno revela que a maioria dos brasileiros deseja a implantação no país da pena capital. São favorável à pena de morte nada menos que 55% dos 5.700 eleitores entrevistados pelo instituto em 25 Estados. A sondagem, realizada entre os dias 19 e 20 de março, encontra-se publicada na edição deste domingo da Folha (assinantes).
O percentual é mais expressivo do que os 51% que se declaravam a favor da execução de criminosos em pesquisa realizada sete meses atrás, em agosto do ano passado. O levantamento atual demonstra que o apoio à pena de morte iguala-se ao índice de 1993, o maior já registrado desde que o Datafolha começou a fazer esse tipo de aferição, em 1991.
Trata-se, sem dúvida, de uma reação da sociedade ao recrudescimento da violência no país. De certo modo, reflete a fúria resultante do noticiário. Ainda está fresca na memória brasileira a morte, em fevereiro passado, no Rio, do menino João Hélio Fernandes, 6, arrastado por marginais do lado de fora de um carro roubado por longos e torturantes sete quilômetros.
Há duas semanas, em outra pesquisa, o mesmo Datafolha mostrara que a violência, com 31% das menções, superara o desemprego como maior problema do país na percepção dos brasileiros. Para o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, os dois números não estão necessariamente interligados.
"Esse apoio majoritário à pena de morte já é histórico. Neste momento cresceu um pouco, mas não apenas porque cresceu a percepção de violência. Entre os que apontam a violência como principal problema, a taxa de apoio à pena de morte é exatamente a mesma da média", diz Paulino.
A pesquisa joga gasolina na fogueira do debate em torno da redução da maioridade penal de delinqüentes com menos de 16 anos. É pena que, em meio ao furor social, seja acomodada em segundíssimo plano a discussão acerca da ineficiência do Estado em prover aos centros de reeducação de menores e aos presídios convencionais do país condições mínimas de reabilitação dos infratores da lei.
Escrito por Josias de Souza às 02h35
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